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Vestígios do Passado: a história e suas fontes
Em 1898, no famoso manual “Introdução aos estudos históricos”, considerado a grande referência metodológica da história dita “positivista”, Charles Langlois e Charles Seignobos proclamaram: “a história se faz com documentos [...]. Porque nada substitui os documentos: onde não há documentos, não há história”.
Passados cento e dez anos, e apesar de todas as críticas feitas àquela perspectiva historiográfica, a afirmativa não perdeu sua validade. É claro que, desde então, o conhecimento histórico passou por diversas e profundas transformações epistemológicas e teóricas, as quais alteraram significativamente o próprio estatuto do que deve ser entendido como “fonte histórica”: de uma atenção prioritária, mas nunca exclusiva, ao documento escrito oficial, passou-se – sobretudo após a chamada “revolução documental” da École des Annales – a encarar qualquer vestígio do passado como um documento em potencial, que se torna fonte não por suas características intrínsecas, mas em função das perguntas formuladas pelo historiador.
Todas estas mudanças trouxeram novos questionamentos e debates a respeito das fontes da História: seriam elas indícios de uma realidade pretérita, repletas de zonas obscuras a serem decifradas pelo historiadordetetive, como defende Carlo Ginzburg? Ou monumentos construídos e perpetuados por relações específicas de poder e de saber, como postulava Michel Foucault? Apesar destes diferentes entendimentos, entre vários outros que poderíamos citar, as fontes estiveram e estão no centro do ofício do historiador.
Por este motivo, o IX Encontro Estadual de História propõe uma reflexão sobre estes “vestígios do passado”, priorizando dois eixos:
- os desafios teóricos, metodológicos e técnicos implicados na
pesquisa com diferentes tipos de fontes;
- a situação, as possibilidades e os problemas dos acervos que
abrigam estas fontes, especialmente no Rio Grande do Sul.
Convidamos, pois, os profissionais e estudantes de História a participarem desta discussão.
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